segunda-feira, 3 de agosto de 2009

tem mais acabou (aqui)

Atenção, encerrei este blog na postagem anterior.
ele vai continuar aqui, mas vou continuar escrevendo em outro.

clique AQUI

para acessar o "Trágico à força Comicamente livre"

vida extraordinária

encerramos, hoje, agora.

não despedimos

deixamos aqui
sem saudade
um quadro, um retrato
de alguém que você nunca conheceu

na parede branca.

por uma vida onde a ordem
é desorganizar o pensamento
e fragmentar
os sentidos em prismas

em cores.
sou trágico à força comicamente livre

domingo, 26 de julho de 2009

anuário full frontal

eu não vou explorar esse sábado
os sábados já tem me explorado muito

conheço pessoas que trabalham aos sábados
e nem são pagas

macabeas
como eu

vamos ficar eu e ela
em casa hoje a noite
ouvindo a rádio relógio

ou trabalhando
sem ser pagos pra isso
comendo cachorro quente
com coca cola.

se eu for até a esquina
esta noite

encontro na rua um amigo
que morreu ha uns anos

e não fui no enterro

então lhe dou um abraço
e lhe peço perdão

melhor ficar em casa

lá fora não chove

mas está frio

e não é sempre
que você tem esse tipo de encontro na vida.

vá para casa e tente esquecer
não foi nada!

se prepare para a próxima rapaz
guarde as forças para o que vem

você tem tudo o que precisa
no útero

descasque a cebola
e chegue ao caroço
morda a cebola

sugue aquele caldo
que sai dos olhos
das cebolas

é o que as pessoas deveriam fazer
guardar os sábados para isso

para tomar os chas, dos vegetais
e dançar ao redor de fogueiras
na noite fria

para se beijarem debaixo das arvores que ainda pingam
orvalho

para a embriaguez pelo cheiro da noite
feromonio feminino da dama da noite

para dizer tres vezes que
se acredita em fadas
e se acredita em botecos

para que outros ressussitem
e resolvam suas pendências

viva o agora meu rapaz
amanhã você resolve
suas pendências
pendente numa arvore
pingente

relaxe, ano que vem tem outro ano

foi bom passar tantos meses deitado
com você aí na sua cama.
com você e sua perna quebrada.

valeu cada segundo.

perdoa minhas ausências.

é, a lua fica muito atraente nesssa noites.

ausentes
aquarianas

fechado
então amanhã publicamos as fotos de nu frontal.
e ficamos ricos os dois.

temos muitas festas pra ir
cuide-se
esteja em sua melhor forma
telepática-simpática.

então caetano
quando passar aqui pelo meu telhado
vamos sentar um pouco e procurar
um pouco por discos voadores no céu.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

da arte de voar pelos telhados

e este filme que me fez chorar igual criança no quarto?

viro criança
desperto a velha arte de subir e voar pelos telhados.

noite
rua
chuva fina

ummm
tem free?
me vê um.
ummm
uma coca
de garrafa no gargalo

no balcão, tres homens
e uma garrafa

copo quebrado a primeira vista.
está devendo!
tem que acender uma velinha pra seu jorge.

um português fica sem saber o que fazer, ao descobrir que o ônibus não tinha cordinha pra puxar, vai até o motorista e surpreende-se com a placa de faleaomotoristasomenteoindispensável.
dois pontos antes ele se aproxima do motorista, chega bem no ouvido dele, e ao aproximar-se do seu ponto ele grita : priiiiiiiiiiim

Seu Paulinho me manda essa no comando da tarde!
eu ri pra cacete!
quer tomar uma com a gente?

não posso
tenho que ir pra casa escever isso tudo.
mas amanhã eu volto

muito prazer eu sou o Gerson
satisfação, eu sou Renato
eu moro ali.
pô legal eu também moro ali.

ae! me viro
Priiiiiiiiiiimmm! hahaha

decido então escalar por aquela arvore e ir saltando pelos telhados da vizinhança até meu quarto.
chuva fina bate no meu rosto.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Segredo

Índia urbana
Que toma banho de sol
Com peito de fora
É mais feliz

Por Mariana Dias

trânsito bom de mercúrio

poderes.
metais aceleram silêncio de ouro.
dedoz velozes(em)tragadas narcolépticas sabor
morango violento.
limitações deficientes eficiênias ilimitadas.

leio sua mão (efemeridade)
beijo sua mente (enfermidade)
sugo seus lábios (idade)

vômito na calçada
comunicado:
vômito no ventilador

derruba entre espasmos
lingua enrola boca (na sua)

mente entretanto a verdade.
ontem hoje amanha hoje ontem quando
sua opinião não é importante
para nós.

quero agora só o que o dinheiro pode comprar,
até comprar o dinheiro que o dinheiro compra:
uma casca de barata e
entro na sua vida pelo esgoto

em breve, mais umaTragédia perto do seu lar


Livremente inspirado nas versões de Lars Von Trier e Pier Paolo Pasolini, A Caixa Preta de Medéia tem prólogo de Heiner Muller e texto adaptado a partir de Eurípedes.
O ator desconstruído, desconstrói a tragédia.
Desvenda o mito ao mundo de dentro dessa caixa preta,
falando na linguagem universal da pantomima e música.
O ator criador é autor de suas partituras físicas e melódicas.
O figurino também é de criação coletiva ator/direção e a cena é composta por todos os atores formando um organismo vivo, simbolicamente o organismo Medéia vermelho víscera e sangue.
As personagens são fragmentadas em suas personalidades e apresentadas ao mundo por atores diferentes; cada um com sua bagagem de vida, idiossincrasias, vozes, cores e imagens.
Apartir do estudo de Grotowski e Peter Brook o texto dito apresenta a Medéia bárbara, através dos tempos e suas sociedades. medéia-anti-material.
A Diretora Celina Sodré conduziu o elenco numa busca pela verdade cênica e camadas de significação para as imagens apresentadas, de forma poética e autoral.
A busca do segundo original.

vou dar a volta pelo norte


antes que venha o sudoeste
tania maria tocando jazz
numa casa de swing
tania maria-viva maria
ó nós dois
perdidos na amazonia.

(visite o blog)

sombra ronda

nossa sombra na moto
no asfalto.

depois dessa curva,
depois que você vir
as jangadas no rio,
siga direto em frente.

acompanhe a estrada.

ela vira a esquerda
uma vez
depois
seguem-se vários motéis.

planejamos
experimentar todos.
um a cada noite!

no final
acabamos na sua casa.
nunca na minha.

porque não moro.
não mais.

não no mirante
não no farol
não na torre
não na acrópole

nunca acima das casas.
acima das cabeças.

mas a noite decido
passear a liberdade junto com o vento.

e o vento passeia a liberdade nos meus cabelos.
leva a fumaça pra longe.

então subo
e a liberdade passeia duas rodas
rosto ao vento
capacete leavntado!

sábado, 18 de julho de 2009

respira II

respira duas vezes.
respira
depois coloque sua máscara.
somos invencíveis,
não há nada que não possamos fazer.
rezo para Nietzsche
ao amanhecer,
antes de dormir, não.
não temos antenas de tv
mas nossos chips estão
ligados numa rede.
sem fio.num ônibus
na madrugada.
super homens
são sempre mal edudados
uns com os outros,
e com os mortais.
respira fundo e mergulha comigo.
não vejo felicidade nos olhos dessas pessoas.
eles se beijam, mas não se finalizam.
na noite preta,
escura demais!
e eu não consigo
entender.
distante demais.
diferente das minhas noites
iluminadas
(por uma eterna lua plena jorrante cheia sempre cheia o céu com tanta estrela e barulho do vento.)

e um final cafona falando de natureza

Respira

Agora pergunta porque toda baía do rio de janeiro é poluída?
e a Bahia por que não me sai do pensamento?

porque agora me lê
sentado nesse pier.

Um pássaro
me pergunta.
Uma garça me
responde

você foi à Bahia
você pegou escala (sem saber que ia)
em Salvador
na última noite de
reveillon

depois foi expulso
de uma festa
em Fortaleza

cidade que te recebeu

depois te cuspiram num cabaré
no Lido

depois te morderam a canela

tiraram tudo que você tinha no bolso na lapa

e te fizeram correr de cueca

mas isso é passado.

a próxima vez que eu estiver em Salvador
será dia de Yemanjá

Cachorros

Cachorros
Mortos
Que maltratei no passado me atacam
Reencarnados

Pensemos

Em temas que esgotam (em um parágrafo).
Escrevamos
Aqui.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

AutoRetrato


Retrato de juventude

noites de Estevão

LUAR

Lívidos langues
Lábeis flexíveis
Gatos odoram
Flores tremem
Águas lambem
Ventos soluçam
A luz desnuda seios agudos
O tato geme em minha mão.

paz verde








como se fala paz verde em alemão?
focusa!
precisamos de mais aulas do alemão.

o caso do cochilo no ônibus

de manhã você me acordou. fui à caxias e descobri que peguei o onibus errado. eu tomei café e você mate. quinze minutos depois nos abraçamos duas vezes. na segunda te apertei com força e dei um beijo no seu rosto. saí. fui a laranjeiras subir e descer escadas. punição merecida! desci até o flamengo, entre uns telefonemas e muitas músicas sobre telefonemas, fiquei em pé por uma hora para poder dormir em paz. acordei no méier. voltei ao riachuelo e fui parar em realengo um ponto depois. peguei uma carona.e agora depois de ter uma crise de risos, percebi que fui punido pelo meu egoismo.quem nunca foi?

criança, você me ligou de manha. e só agora eu percebi que você só queria um pouco de carinho e atenção. que bom, eu também.
trânsito livre na minha vida.

oi, I am the operator


cante comigo!
o seu velox caiu
e só volta em setembro.
este numero não existe
o telefone que você está dicando
está desligado ou fora da area de cobertura.
ligue para asterisco meia meia sete
digite jogo da velha
e compre creditos
no cartão
de credito

_de quem é esse número no seu celular?
_não sei, foi engano.

ah, entendi!
você quer falar sobre assunto de conta!
eu sou sua atendente virtual!

compre nosso novo pacote de dados.

desculpe amor, daqui ha alguns anos tudo isso vai estar datado.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

temas que se esgotam (em um parágrafo)

o céu clareando e eu vou dormir. como dois amantes que voltam prara seus quartos eu me despeço da noite e ela de mim.

a tontura e leve mal estar do primeiro cigarro do dia, quando acordo as tres da tarde, acompanhado de um café na calçada.

ou, a liberdade de um cigarro acompanhado de um café num botequim, de cabelos recém lavados numa manhã fresca.

do momento que o canto de uma pássro te hipnotiza até que você percebe que ele está numa gaiola.

da sensação que você tem quando acorda muito tarde tarde e dá conta de que o boleto venceu há três dias.

mágoa

nessa noite em que leram
essa poesia
não havia
quem a ouvisse,
quem a visse.

não havia quem fosse moderno.

não havia mágoa
não havia
choro na luz
não havia.

o curioso caso epilético

desliga meus botões
porque não posso respirar.
adia o quanto pode,
mas me deita com as armas.
corta me em quadrantes.
lembra me de sempre esperar
por tudo.
então
o seu telefonema
chega com
apenas
tres dias
de atraso.
ah, agora está passando.
ah, agora estou dançando!
beija meu nome.

In fair Verona


Ela esqueceu de tomar a pílula

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Ela é modesta


Mas está na família ha anos

terça-feira, 7 de julho de 2009

tenta me entender meu camarada

hoje tentaram me explicar o significado de uma frase. ela não estava em alguma língua estranha, mas era uma frase poética.
desculpe camarada. me senti ofendido como um chofer de taxi que tem a porta do seu carro batida.
no mesmo instante parei a leitura do tal camarada e abri o livro de clarice lispector porque lembrei de algo que li no mesmo dia.
fechei a página do camarada e decidi transcrever o que tinha lido.
nunca li outra pessoa que pudesse colocar em palavras tudo o que eu sempre senti mas nunca soube definir o que era. acho que muita gente ...

Não entender

Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado.Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma bênção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.

Clarice Lispector

se você gosta do David Linch, do Thierry Trermoroux e da Celina Sodré, mas não entende muita coisa, não fique triste. É assim mesmo camarada.

Mister left righ left right









O que você pode fazer
quando as cortinas caem?
o que vai fazer
quando as cortinas caírem?
nessa noite
eu não poderia ter tanta sorte.
poderia ter sim
a sorte da próxima tarde
quando você prometeu ligar.
para que eu não precise
mais tarde
ligar para mais ninguém.
então eu, de fora
me veria no seu colo
debaixo e uma lua enorme
e pensaria por horas
mais tarde: se...
fumaria por horas
mais tarde: tomara...
para que depois de baixadas
as cortinas
eu possa ir para a esquerda direita.
sem vacilar o passo
o
caminho
direto para seu abraço

e nessa hora eu vou
pensar em inglês:
que legal, você tem
duas mãos.
isso me basta!

sob o céu de Sueli

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Horário de partida


Daqui para o mundo

De volta


Blogando de qualquer lugar

segunda-feira, 22 de junho de 2009

quando as estrofes embaçam








ela não era daqui. ela tinha o silêncio como companhia
e a madrugada como hora preferida para mergulhar na piscina sensual.
era nessa hora que ela escrevia.
ele dormia com suas armas. também não era daqui. dormia e sonhava. com florestas e lugares úmidos. era o que dizia.
ela bebia o mar, e naquela hora ficava mais feminina, mais ânima.
setenta e oito por cento do seu corpo era água.
ele será que dormia? ele, mexicano. um coyote talvez.
sonhava que receberia sua parte amanhã.
ela nessa hora pensava em alguém.
pensava que alguém estaria lendo aquelas canções que escrevia.
tinha o seu cigarro aceso ao lado.
ele pensava em quem o estaria procurando.
não podia fumar naquele celeiro.
precisava evitar o incêndio.
saía, fumava. depois voltava a deitar com suas armas.
dormia, sonhava com o que poderia estar acontendo.
previa o futuro. era profeta em seus sonhos.
ela era o prazer. de levantar, fazer um café e fumar na cozinha
ela tinha dúvidas e na dúvida ela dava.
mesmo em dúvida, ela dava.
o coyote do deserto tinha um trabalho sujo.
na dúvida, atirava. mesmo em dúvida atirava.
os dois na ponta dos pés. caminhando leve na madrugada.
para não acordar quem estava nos outros quartos.
famintos e curiosos.
abrindo a geladeira para pensar.
seduzidos pelos últimos momentos de escuridão.
onde nas sombras podiam ser
e respirar sem máscaras
longe daqui.
longe de si.
duas fronteiras que embaçavam
estrofes de uma canção
onde o espaço entre é suprimido.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

sem nada além de mim



nem ada nem ado
só íum
sózíum
ah o amor

letreiro de neón estala
na janela do meu quarto
de hotel
não consigo dormir

de manhã
cedo
um pardal
pousa na janela

quarta-feira, 22 de abril de 2009

A Extraordinária Aventura Vivida Por Vladímir Maiakóvski no Verão na Datcha

(Púchino, monte Akula, datcha de Rumiántzev, a 27 verstas pela estrada de ferro de Iaroslávl)

A tarde ardia com cem sóis.
O verão rolava em julho.
O calor se enrolava
no ar e nos lençóis
da datcha onde eu estava.
Na colina de Púchkino, corcunda,
o monte Akula,
e ao pé do monte
a aldeia enruga
a casca dos telhados.
E atrás da aldeia,
um buraco
e no buraco, todo dia,
o mesmo ato:
o sol descia
lento e exato.
E de manhã
outra vez
por toda parte
lá estava o sol
escarlate.
Dia após dia
isto
começou a irritar-me
terrivelmente.
Um dia me enfureço a tal ponto
que, de pavor, tudo empalidece.
E grito ao sol, de pronto:
"Desce!
Chega de vadiar nessa fornalha!"
E grito ao sol:
"Parasita!
Você, aí, a flanar pelos ares,
e eu, aqui, cheio de tinta,
com a cara nos cartazes!"
E grito ao sol:
"Espere!
Ouça, topete de ouro,
e se em lugar
desse ocaso
de paxá
você baixar em casa
para um chá?"
Que mosca me mordeu!
É o meu fim!
Para mim
sem perder tempo
o sol
alargando os raios-passos
avança pelo campo.
Não quero mostrar medo.
Recuo para o quarto.
Seus olhos brilham no jardim.
Avançam mais.
Pelas janelas,
pelas portas,
pelas frestas,
a massa
solar vem abaixo
e invade a minha casa.
Recobrando o fôlego,
me diz o sol com voz de baixo:
"Pela primeira vez recolho o fogo,
desde que o mundo foi criado.
Você me chamou?
Apanhe o chá,
pegue a compota, poeta!"
Lágrimas nas pontas dos olhos
-e o calor me fazia desvairar-
eu lhe mostro o samovar:
"Pois bem,
sente-se astro!"
Quem mandou berrar ao sol
insolências sem conta?
Contrafeito
me sento numa ponta
do banco e espero a conta
com um frio no peito.
Mas uma estranha claridade
fluía sobre o quarto
e esquecendo os cuidados
começo
pouco a pouco
a palestrar com o astro.
Falo disso e daquilo,
como me cansa a Rosta,
etc.
Eo sol:
"Está certo,
mas não se desgoste,
não pinte coisas tão pretas.
E eu? Você pensa
que brilhar
é fácil?
Prove, pra ver!
Mas quando se começa
é preciso prosseguir
e a gente vai e brilha pra valer!"
Conversamos até a noite
ou até o que ,antes ,eram trevas.
Como falar, ali, de sombras?
Ficamos íntimos,
os dois.
Logo,
com desassombro,
estou batendo no seu ombro.
E o sol por fim:
"Somos amigos
pra sempre, eu de você,
você de mim.
Vamos poeta,
cantar,
luzir
no lixo cinza do universo.
Eu verterei o meu sol
e você o seu
com seus versos."
O muro das sombras,
prisão das trevas,
desaba sob o obus
dos nossos sóis de duas bocas.
Confusão de poesia e luz,
chamas por toda parte.
Se o sol se cansa
e a noite lenta
quer ir pra cama,
marmota sonolenta,
eu, de repente,
inflamo minha flama
e o dia fulge novamente.
Brilhar pra sempre,
brilhar como um farol,
brilhar com brilho eterno,
gente é pra brilhar,
que tudo o mais vá pro inferno,
este é o meu slogan
e o do sol.

1920
(tradução de Augusto de Campos)

quinta-feira, 16 de abril de 2009

"é com uma tal aleluia que digo essas coisas"


assoalho de madeira
solo que brilha
terra fértil
em que me planto inteiro
de onde vem minha voz
meu grito, meu tambor
meu batuque
sinfonia de imagens
que vejo no fundo do mar
nada é suficiente
corro e me atiro
nesse precipício
na ansia de voar
deixo no caminho
pessoas
amores
riquezas
familia
seu nome é fome
renúncia
dor
seu nome é meu nome ao avesso
meu corpo ao avesso
minhas entranhas
expostas num ritual belo
me planto ali
e nao desboto
a vida que deixo de viver
vivo ali
não uma
todas
mascaras
sou bicho
gente
sinto seu cheiro
de morte
folhas esmagadas
apodrecendo em terra úmida
outono na beira do rio
salto nesse vazio
na grande jornada
montanha rochosa que escalo
debaixo do sol
pra simplesmente chegar ao topo
para ver do outro lado
pra depois descer
e subir de novo
no dia seguinte
e no outro
e no outro
porque sempre haverá
uma paisagem nova do outro lado
outro quadro a ser pintado
com tintas novas
que não secam nunca
um quadro que é lavado
todos os dias
depois de cada pincelada
que nunca será exposto
que nao cabe em galerias
que nao cabe na parede
só nesse chao de madeira

segunda-feira, 13 de abril de 2009

e a macaca dançou o jongo

da mesma longa jornada








cio
mio
louco

******

chego
café
meu pai
saudade
cadê você aqui?
ixi!
fantasia
marota

*********

tolerância
zero
tudo
além
mar
cativo
amacord
corda livre

quinta-feira, 9 de abril de 2009

rio raso quase seco

rio serpenteia
rio sinuoso passa
e não volta mais
já é outro
como esse rio de janeiro
quase já em agosto
não tem mais curvas
foi um dia
pra sei lá
será que vai voltar?

de um longa jornada poética de um dia noite a dentro

ONDA - Antonio Cícero

Conheci-o no Arpoador,
garoto versátil, gostoso,
ladrão, desencaminhador
de sonhos, ninfas e rapsodos.

Contou-me feitos e mentiras
indeslindáveis por demais:
eu todo ouvidos, tatos, vistas,
e pedras, sóis, desejos, mares.

E nos chamamos de bacanas
e prometemo-nos a vida:
Comprei-lhe um picolé de manga

e deu-me ele um beijo de língua
e mergulhei ali à flor
da onda, bêbedo de amor.

segunda-feira, 16 de março de 2009

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

clarice chora igual mulherzinha








ei, é realmente sem saber. que bom que gera esses efeitos benéficos, e te digo que não sei se vem exatamente de mim... de qualquer forma, eu to cantando a mesma canção. aquela em que o dúo dinámico fala do junco que se dobra com o vento e se mantém de pé.
fico imaginando você rabiscando as paredes e os espelhos e muitas vezes que você me conta coisas eu não sei se são metáforas ou reais; mas em todo caso rabiscar paredes com tinta lavável pode ser eficientemente terapêutico. lembro do quarto de empregada da paixao segundo GH no qual a senhora entra e se depara com os desenhos que a empregada fez na parede. da mulher, do homem e do cachorro. penso na aridez desse verão que nao chove, na aridez das pessoas e penso em comer baratas para sentir um pouco de vida dentro de mim.
mas, nesse momento, acho que na verdade não é a hora exata, ou se devo comer baratas. caiu na minha mão outra clarice que estou relendo. um aprendizado ou o livro dos prazeres. e penso que devo antes do amanhecer, ir ao posto seis em copacabana e ver o azul prateado dos peixes recém pescados e sentir o cheiro sensual do resto de vida naqueles peixes e entrar como ela em estado de graça.
sentir prazer em estar vivo, e abrir os canais para toda a beleza que me rodeia.
está tudo em volta de mim.
como bjork: all is full of love, mas você apenas não está recebendo.
tudo muito simples, tudo muito primário, mas que você só descobre o significado dessas coisas depois de cair e se levantar tantas vezes. depois de capotar o carro e furar a lingua. depois de estar tantas vezes tao perto da morte que a vida começa a ser percebida afinal. ali. dentro, e fora. em volta. com tanta graça e beleza e cor. e aromas e sabores, até chorar e sentir o sabor das lagrimas que é o sabor de estar vivo. inteiramente vivo.
acho que a hora é de chorar mesmo. mas não comoo choro de Lóri no início de um aprendizado. o choro seco e doído, mas chorar molhado, encharcado, que é o choro de quem sente. de quem sente muito e o tempo todo. o choro de quem sabe que está vivo e depois de sentir todos esses sabores, se banha na luz de uma lua cheia sinistra no céu, e vai dormir em paz, sentindo-se limpido e feliz. porque não há outra escolha.
um beijo.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

oa disfarces dos viajantes dos discos

cetano caetano, voltei. agora olho de novo para o céu, depois daquela vez que você foi comigo ao telhado,e eu pude ver os discos voadores.
eu falei que ia me dar mal, que precisava me dar mal, e me dei mal.
algo me foi subtraído, mas felizmente foram coisas aqui da terra. Tudo bem, o Ceará nao tem a perfeição de londres, e o boletim de ocorrencia do que me foi subtraído nunca vai chegar tão rápido como chegaria em londres. mas bem, estamos no rio de janeiro. agora, nao sei quando vou estar frene a frente com você de novo, e também não sei se terei a coragem de nao falar mais uma vez contigo e de não te fazer as perguntas que sei que você nao tem a resposta.
me dei mal sim, mais mal que a era do gelo que chegou tão rápido como eu não imaginava, mas que neste caso no verão, foi tão rapidamente dissolvida por esse calor que tanto amo e odeio. alguns viajantes destes discos, pude reconhecer disfarçados de humanos, de amigos, de meus queridos amigos. tão diferentes fisicamente, alguns com ao poucos cabelos, alguns com cabelos loiros tao lindos, outros loiros até aprenderam falar nosso idioma em menos de um ano, e eles estão aqui. perto de mim. nessa hora eu choro. nessa hora as lágrimas que forcei que saissem para livrar-me do peso das consequências de todo esse tempo que fiquei sem olhar para o céu a busca deles, jorram de meus olhos por pura felicidade de tê-los tão perto.
Esses seres, que alguns chamam de amigos, namorados e queridos, caetano, que só reconhecemos a sua estranheza quando nas horas que, depois de chafurdar na lama, e estar atolado até o pescoço numa areia de beckett, descobrimos sim, que há muito a ser feito, e podemos dizercomo Beckett: "oh que belos dias". e acordar, escovar os dentes, abrir nossas sombrinhas e levar o dia até o final com tantos afazeres; e no final agradecer por mais um belo dia. esses seres não vem com marcas na testa como caio fernando me avisou um dia. eles vem com a marca na alma. e essa marca é o amor. alguns desses seres sao invisíeis a olho nu caetano, mas você nao me avisou disso. eu sei, que um belo dia eu cheguei com um ganesha tatuado na coxa, cheguei com a boca roxa de botox, mas ninguém me disse que eu fui rata demais. tenho ainda medo do fogo que corre pelos corredores com carpetes coloridos, tenho ainda medo dos aviões e das suas turbulências, tenho ainda medo dos acidentes de carro e da loucura que bate a minha porta, e medo das cobras que dormem no mesmo recinto que eu. nao tranco as portas, já dormi com cobras antes e elas se limitaram a respirar profundo e me ameaçar.
sei que de manha um matuto vem com um pau e esmaga a cabeça delas.
acho que nao tenho mais esses medos. amo matutos, amos os carecas, amo os de cabelos lindos e loiros, amo os de cabelos super cacheados que continuam disfarçados, mas eu já os reconheço, poruqe a marca na testa de que caio me falou um dia, é apenas visível aos iniciados. agora me sinto iniciado. só depende de mim, deixar que me firam e deixar que a loucura escorra por minhas veias, para que quando me ferirem, eu deixe a loucura jorrar para que enlouqueça também os que me feriram. só você caetano, sabe o tipo de loucura de que falo, e só você caetano, sabe que essa loucura é a que traz consigo a salvação.
obrigado caetano, porque mesmo sem ter falado com você aquele dia, você mesmo me deu a resposta.
amo você caetano, você é um deles, e nesse momento rio tanto de tudo isso que passa, que minha cabeça explode, de tanto rir.
pode parecer enigmatico, mas só assim eu vejo que essa risada causa uma expolsão tão benéfica ao meu cérebro que nao temo a era do gelo. temo ainda os vampiros. mas fecho meu umbigo com um algodão e esparadrapo em forma de cruz. nem alho, nem estaca.
os discos voadores deixaram pessoas especiais aqui, que me tiram bolas negras de piche de cima das minhas costas, fecham todos os redemoinhos onde as almas giram em direção a um buraco negro que só nao me levou porque fui protegido. porque ainda sou de carne.
muitas perguntas ainda tenho para te fazer caetano, e sei que da próxima vez que estivermos juntos, nao te perguntarei nenhuma delas, mas você, em sua infinita sabedoria, me dará as respostas sem que precise me apresentar e dizer que amo o seu trabalho!
london london ... so perfect, so beautiful.
mas escolho barcelona.
escolho gaudi
escolho miró
escolho decroux
escolho clarice lispector e andré luiz.
escolho tich nath han e david linch com sua meditação trancedental andando.
escolho a moral e os bons costumes.
obrigado seres de outro planeta.
obrigado caetano.
convido todos vocês pra me visitarem no meu quarto faxinado!
enquanto minha casa nova não está totalmente decorada para recebê-los.
ei! seres da era do gelo, podem pegar o dinheiro e correr, pequem o que quiserem, mulheres e crainças primeiro. expulsem-me da sua festa no seu navio, mas aviso logo: essa não é a salvação, e deixo a loucura jorrar!

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

alagados em norte fluminense mas secos e molhados no nordeste

eu tô indo ... com as bengalas que a vida me dá porque não tenho pernas suficientes para acompanhar essa velocidade que as pessoas atingiram.
correntes?
elas me amarram e me arrastam o tempo todo.
Depoimetos das testemunhas de meu Deus Jeová me garantem que o final será feliz.
Independente do final que a Flora mereceu, o autor da minha vida escreve capítulos repetidos só prara me mostrar que nada se cria, e que o que UM aprende um dia, no outro ja esqueceu .
Te vejo por aí. nas bagaceiras...
Ou num mosteiro onde a chuva cai e eu toco meu prelúdio sinistro esperando que as águas de março lavem meus pecados do carnaval passado.
te amo. sempre.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

já no rio, de camisa verde, esperando o frio.

Olha issu, conversa entre Talita e Ricardo no orkut:



Táta:
SF
irmaum
to love to
to the sister girl ai nooooou

resposta do SF mais SF du ceresp!!!(kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk)

Ricardo:
gubai picadili feu eu le ces quer its alon ei to ti pereuri rati mai lou rau ei...



kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
eh mui fi disimpacado vééééi!!



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muito bom estar de volta

sábado, 17 de janeiro de 2009

pois tá...


pois tá,
então você vem aqui em casa passar uns dias.
os meninos vão ficar loucos.

tem muita coisa pra fazer ainda macho,
essa vida fútil tá me matando.
entao corremos para o theatro
e tomamos um café na livraria.

cidade sem allllmaaa!

tem mais carro do que gente.
levanta o vidro que esse sinal é perigo
tinha um bar ótimo aqui nessa rua
mas fechou quinta feira.

quinta é dia de caranguejo
caranguejo é entretenimento, não alimentação.
bom mesmo é comer baião, picanha, feijão verde.
de manha a gente vai comer tapioca,
e a noite pode-se fritar camarão na praia
por dois reais

esse céu parece que é mais perto!
aqui o dinheiro vale muito mais.
já aprendeu a tapar seu umbigo?
pois aprenda.
as pessoas se vampirizam o tempo todo.


a miséria aqui é muito mais pobre
choro quando me pedem dinheiro
ontem vi uma mendiga
com um olhar vítreo
ela não me pediu nada

nos olhos um vazio,
uma falta
não só de grana
falta tudo.
falta luz

como se de tanta dor
a alma tivesse se afastado do corpo
ela anda sempre um passo atras do corpo
dessa mulher
porque o corpo está muito desgraçado

mas da ponte inglesa nós vimos o por do sol essa tarde,
e você beijava sua amiga estilosa,
sua namorada.
enquanto eu olhava a capoeira
isso aqui pra mim é terreiro
minha casa

a alemã, preferiu ficar de braços cruzados.
eu não.
eu queria subir com os matutos no muro
e dar saltos acrobáticos na água
mas me limito a fotografar suas silhuetas
nesse por do sol

mas amanha, nós vamos chegar cariocas na praia
estender nossas cangas na areia
e tomar sol a tarde toda.
vamos ouvir cazuza deitados na areia.

e antes de chegar em casa,
a gente passa na padaria.
eu quero uma média e um pão francês
com muita manteiga

hoje estávamos muito sexy
a praia parou pra nos ver chegar
quis beijar sua boca
mas você quis conversar
eu nao tirei minhas fotos
mas você ganhou um sorvete

vocês nascem mesmo com a coisa
artística circulando
nas veias.
é! nós somos mesmo artistas
muito obrigado, você foi muito atencioso

a saudade grita!
mas preciso fotografar.
já desapeguei do que
me foi tirado
mas minha alegria ninguém tira mais.

só me lembra de tomar o meu antibiótico
se você nao dormir eu tenho rivotril
vamos organizar juntos a nossa liberdade
einh! você já adiou sua passagem de avião?

essa noite não tem moreno
essa noite eu vou passar em branco
essa noite um vento meio quente
meio frio
bate na minha cara

o vento traz uma chuva forte
que molha as ruas e o vidro do carro
a rua parece até são paulo
mas logo a chuva passa
para que eu possa caminhar nessas ruas

então caminho
e no final da noite deito nessa rede
e fico aqui pensando
e desbotando o sol
que peguei ontem.