quinta-feira, 16 de abril de 2009

"é com uma tal aleluia que digo essas coisas"


assoalho de madeira
solo que brilha
terra fértil
em que me planto inteiro
de onde vem minha voz
meu grito, meu tambor
meu batuque
sinfonia de imagens
que vejo no fundo do mar
nada é suficiente
corro e me atiro
nesse precipício
na ansia de voar
deixo no caminho
pessoas
amores
riquezas
familia
seu nome é fome
renúncia
dor
seu nome é meu nome ao avesso
meu corpo ao avesso
minhas entranhas
expostas num ritual belo
me planto ali
e nao desboto
a vida que deixo de viver
vivo ali
não uma
todas
mascaras
sou bicho
gente
sinto seu cheiro
de morte
folhas esmagadas
apodrecendo em terra úmida
outono na beira do rio
salto nesse vazio
na grande jornada
montanha rochosa que escalo
debaixo do sol
pra simplesmente chegar ao topo
para ver do outro lado
pra depois descer
e subir de novo
no dia seguinte
e no outro
e no outro
porque sempre haverá
uma paisagem nova do outro lado
outro quadro a ser pintado
com tintas novas
que não secam nunca
um quadro que é lavado
todos os dias
depois de cada pincelada
que nunca será exposto
que nao cabe em galerias
que nao cabe na parede
só nesse chao de madeira

Um comentário:

Pardal disse...

escreve escreve escreve escreve