quarta-feira, 10 de setembro de 2008

não sou não quero ser e tenho raiva de quem é

nem escritor, nem poeta, nem intelectual, nem culto, nem cultuado,nem inteligente, nem bonito, nem tenho talento ou bom gosto pra isso. não me agrada o publicável, as capas nem o autoral editável. gosto do toque do papel cru. nunca li um livro até o final, porque prefiro o seu cheiro, seu tato, como fica bonito na estante, -olha como se ilumina quando queima numa fogueira, parece uma música crepitante não gravada que desaparece para sempre depois que a corda do piano para de vibrar. -olha a música do piano que queima. sente as dissonancias das cordas que arrebentam com força. tento não ser cinza num mundo cinza. "o mais importante é a cinza do que a matéria intacta." não tenho vocação para o cerebral porque o meu corpo reage sozinho aos cheiros, sabores, imagens e sons que se tansformam em momentos. com custo como custo. duram o tempo de sua existência, depois queimam, passam, tornam-se cinzas. a loucura em minhas veias deixo jorrar, quando ferido. dar luz, dar a luz, luz que não clareia mas torna mais escuro o olho de quem vê. não quero provocar, porque simplesmete não quero. não quero explicar porque não quero as coerências deles. não quero a razão porque os recalques precisam ser quebrados. prefiro o movediço à fundação sólida, prefiro as texturas porosas em contato com minha lingua amarga. me agrada a lama. me agrada a liga dos ovos e o viscoso que desliza. os sons crus as vozes roucas e o as almas encardidas de pecado sem culpa. não quero esse sono tranquilo que tenho induzido, porque não tenho a pretensão de organizar a liberdade. não quero quadros ou esquadros ou linhas retas ou sinuosas porque a meus olhos não se adaptam a imagens planas. quero as texturas, quero o tijolo poroso que gruda na minha lingua. quero barro seco que levanta pó e vira lama na chuva. quero a substancia mutável. quero as madeiras secas que queimam facilmente, o cheiro do apodrecimento das folhas no bosque úmido. quero . não preciso, só quero.

2 comentários:

Fabrissa Valverde disse...

Depois de ler essa belezura de palavrinhas explosivas, saí com as mãos pingando orgulho e fui correndo mostrar pra uma amiga... E ela imediatamente soletrou comigo: PER-FEI-TO!

Inclusive me pediu pra te perguntar se vc nos autoriza a sair declamando isso pelas ruas, botecos and derivados, enquanto fazemos bhuuuu pras chatices cotidianas. Não somos atrizes (fezes!) mas a gente promete declamar direitinho e não perder nem um milímetro da intesidade desse seu texto fodástico! PHODÁSTICO!!!

Palmas, palmas.
De pé.

Beijos!!!

Rluz disse...

totalmente permitido . heheh.
livre de taxas. hehehe
beijo F.