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segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Como suportar um dia de esquizofrenia

Para ler ao som de Bach/Silotti transcriçao para piano







Acordo na solidão de quem lembra que sonhou que umas pessoas estiveram em casa e a solidão vota a ser plasma. Saio .Daí procuro me dar ao mundo talvez um braço ou talvez a vesícula bilear, verde – esperança – distribuo meus órgãos internos. Volto. Chego quase oco em casa e dou feliz ano novo ao vizinho em pleno dia cinco e digo que ele aparenta estar melhor e ele diz ser só a aparência . sou obrigado a concordar, falo de mim mim mim e no final decido jogar um rim , por cima do muro. (quase rimou) sei que digo que uma hora tenho de começar a faxina e chego na cozinha onde lembro ter deixado, como numa outra premonição atrasada. Sento. Ouço um órgão de registro aberto. Entro , e o registro se fecha.... lembro que deixei um gordo tocando algo quando saí. Quando entro ele toca Bach e o vento que sai dos tubos do órgao me lançam ao céu e numa harmonia polifônica de alguma forma me põe frente a frente com Deus. Ele então sorri e percebo que é um homem que toca um piano de armário numa sala de teatro vazia num bairro do subúrbio. Tem cabelos ondulados onde me escondo. Toca algo de Bach que me revela o divino no homem. Sorrio para ele e me sento no lugar mais privilegiado da sala e fico feliz porque amo e sou amado. Aos poucos percebo que não estou só . Existe uma platéia de morcegos pendurada no teto. Teno ignorá-los... se agitariam e aplaudiriam Liszt. Obrigado Bach! Sei que de alguma forma aquele órgão supriu a ausência dos órgãos distribuídos pelas ruas sujas e alguns arrancados até.