sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

clarice chora igual mulherzinha








ei, é realmente sem saber. que bom que gera esses efeitos benéficos, e te digo que não sei se vem exatamente de mim... de qualquer forma, eu to cantando a mesma canção. aquela em que o dúo dinámico fala do junco que se dobra com o vento e se mantém de pé.
fico imaginando você rabiscando as paredes e os espelhos e muitas vezes que você me conta coisas eu não sei se são metáforas ou reais; mas em todo caso rabiscar paredes com tinta lavável pode ser eficientemente terapêutico. lembro do quarto de empregada da paixao segundo GH no qual a senhora entra e se depara com os desenhos que a empregada fez na parede. da mulher, do homem e do cachorro. penso na aridez desse verão que nao chove, na aridez das pessoas e penso em comer baratas para sentir um pouco de vida dentro de mim.
mas, nesse momento, acho que na verdade não é a hora exata, ou se devo comer baratas. caiu na minha mão outra clarice que estou relendo. um aprendizado ou o livro dos prazeres. e penso que devo antes do amanhecer, ir ao posto seis em copacabana e ver o azul prateado dos peixes recém pescados e sentir o cheiro sensual do resto de vida naqueles peixes e entrar como ela em estado de graça.
sentir prazer em estar vivo, e abrir os canais para toda a beleza que me rodeia.
está tudo em volta de mim.
como bjork: all is full of love, mas você apenas não está recebendo.
tudo muito simples, tudo muito primário, mas que você só descobre o significado dessas coisas depois de cair e se levantar tantas vezes. depois de capotar o carro e furar a lingua. depois de estar tantas vezes tao perto da morte que a vida começa a ser percebida afinal. ali. dentro, e fora. em volta. com tanta graça e beleza e cor. e aromas e sabores, até chorar e sentir o sabor das lagrimas que é o sabor de estar vivo. inteiramente vivo.
acho que a hora é de chorar mesmo. mas não comoo choro de Lóri no início de um aprendizado. o choro seco e doído, mas chorar molhado, encharcado, que é o choro de quem sente. de quem sente muito e o tempo todo. o choro de quem sabe que está vivo e depois de sentir todos esses sabores, se banha na luz de uma lua cheia sinistra no céu, e vai dormir em paz, sentindo-se limpido e feliz. porque não há outra escolha.
um beijo.

Um comentário:

Fabrissa Valverde disse...

Com você eu nunca tive que usar muito de metáforas... as coisas rolam tão cruas, tão nuas, tão simples de dizer. É tão fácil ser-me quando falo contigo... que quase posso me ver tentando enfiar uma travessona de purê de batatas naquele estômago que eu ganhei. Sabe aquele? O todo meu? =)))

Mas quando me procuro pra dizer que consegui acertar o ponto do purê, vejo duas carinhas insanas lá no meio... brincando de piscina batatosa. Começo a rir... sorrir... e já não importa a mínima que a vida faça sentido ou não. Pulsa. É o que basta!

um beijo, meu lindo.
um beijo doce. E batatoso!